REALISMO/NATURALISMO (1881 - 1893)
Panorama histórico:
- Socialismo, cientificismo, evolucionismo, positivismo, lutas antiburguesas, 2ª Rev. Industrial; Inicio :Em 1881, com a publicação de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, inicia-se o Realismo no Brasil.
No Brasil: abolição, República, romance naturalista, poesia parnasiana.
Características do Realismo:
Objetivismo;
Descrições e adjetivações objetivas;
Linguagem culta e direta;
Mulher não idealizada; real. Ex.: Marcela e Virgília (Memórias Póstumas de Brás Cubas), Sofia (Quincas Borba)...
Amor e outros interesses subordinados aos interesses sociais;
Herói problemático;
Narrativa lenta, tempo psicológico;
Personagens trabalhados psicologicamente.
Principal autor:
Machado de Assis com “Memórias Póstumas de Brás Cubas” (1881); “Quincas Borba”, “Dom Casmurro”, “Esaú e Jacó” e “Memorial de Aires”.
MACHADO DE ASSIS E O ROMANCE REALISTA
1ª FASE (Tendências românticas) Obras: Ressurreição, A mão e a luva, Helena, Iaiá Garcia
Características Gerais:
- crença nos valores da época;
- estrutura de folhetim
- esquematismo psicológico.
2ª FASE (Tendências realistas)
- Obras: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial de Aires.
Características Gerais:
- Análise psicológica (os seres vistos em sua complexidade psíquica)
- Análise dos valores sociais (os valores que a sociedade cria para justificar sua própria existência)
- Pessimismo (descrença nos indivíduos e na organização social)
- Ironia (o chamado “sense of humor”, inspirado nos ingleses Stern e Swift)
- Refinamento da linguagem narrativa.
Principais personagens:
Brás Cubas, Vigília, Quincas – (Memórias Póstumas de Brás Cubas)
Bentinho, Capitu, Escobar, José Dias, – (Dom Casmurro)
Quincas Borba, O cão e o Filósofo, Rubião, Sofia e Palha – (Quincas Borba)
Principais diferenças entre Romantismo e Realismo:
ROMANTISMO (1836-1881)
- Ênfase na fantasia; - Predomínio da emoção;
- Proximidade emocional entre autor e os temas;
- Subjetividade; - Escapismo (literatura como fuga da realidade);
- Personagens idealizados; - Nacionalismo;
REALISMO (1881 – 1893)
- Ênfase na realidade; - Predomínio da razão;
- Distanciamento racional entre o autor e os temas; - Objetividade;
- Engajamento (literatura como forma de transformar a realidade)
- Retrato fiel das personagens;
- A mulher numa visão real, sem idealizações...
- Universalismo.
Naturalismo (características)
- Determinismo biológico;
- Objetivismo científico; - Temas de patologia social; - Observação e análise da realidade;
Ser humano descrito sob a ótica do animalesco e do sensual;
- Linguagem simples;
- Descrição e narrativa lentas - Impessoalidade; - Preocupação com detalhes.
Principais autores: Aluísio Azevedo,
“O mulato”, em 1881: início do Naturalismo no Brasil; “O Cortiço”,
Raul Pompéia, “O Ateneu”.
PARNASIANISMO
“ARTE PELA ARTE”
Parnasianismo:
- Surge na França como reação à poesia romântica
- Procura corresponder, em poesia, ao Realismo na prosa
Características do Parnasianismo:
- Objetividade e impessoalidade do poeta
- Culto à Forma, entendida como métrica, rima e versificação.
- Utilização de fórmulas poéticas fixas como o soneto.
- “Arte pela Arte”: a arte só tem compromisso com ela mesma
- Tema principal: a mitologia greco-latina.
PARNASIANISMO NO BRASIL
- Literatura descompromissada das elites
- Absoluto domínio em termos de prestígio
- Formação da tríade parnasiana
- Uma das causas da Semana de Arte Moderna
TEMAS:
- A mitologia e a história greco-romana - A natureza - O amor sensual - A pátria
OLAVO BILAC (Principal poeta)
OBRAS:
- Poesias
- Tarde
PRINCIPAIS POEMAS
- In extremis
- O caçador de esmeraldas
- Via-láctea
- Profissão de fé
- Sarças de fogo
PROFISSÃO DE FÉ (fragmento)
(...)
Invejo o ourives quando escrevo: Torce, aprimora, alteia, lima
Imito o amor A frase; e, enfim,
Com que ele, em ouro, o alto relevo No verso de ouro engasta a rima,
Faz de uma flor. Como um rubim.
Imito-o. E, pois, nem de Carrara Quero que a estrofe cristalina,
A pedra firo: Dobrada ao jeito
O alvo cristal, a pedra rara, Do ourives, saia da oficina
O ônix prefiro. Sem um defeito:
Por isso, corre, por servir-me, Assim procedo. Minha pena
Sobre o papel Segue esta norma,
A pena, como em prata firme Por te servir, Deusa serena,
Corre o cinzel. Serena Forma!”
(...) (OLAVO BILAC)
Ouvir estrelas
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso”. “ E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: - Tresloucado amigo.
Que conversas com elas?
Que sentido tem o que dizem,
quando estão contigo?
E eu vos direi. - "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."
Um Beijo
Foste o beijo melhor da minha vida,
Ou talvez o pior...Glória e tormento,
Contigo à luz subi do firmamento,
Contigo fui pela infernal descida!
Morreste, e o meu desejo não te olvida:
Queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,
E do teu gosto amargo me alimento,
E rolo-te na boca malferida.
Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,
Batismo e extrema-unção, naquele instante
Por que, feliz, eu não morri contigo?
Sinto-te o ardor, e o crepitar te escuto,
Beijo divino! e anseio, delirante,
Na perpétua saudade de um minuto...
SATÂNIA
Sobe... cinge-lhe a perna longamente;
Sobe...- e que volta sensual descreve
Para abranger todo o quadril!- prossegue,
Lambe-lhe o ventre, abraça-lhe a cintura,
Morde-lhe os bicos túmidos dos seios,
Corre-lhe a espádua, espia-lhe o recôncavo
Da axila, acende-lhe o coral da boca,
E antes de se ir perder na escura noite,
Na densa noite dos cabelos negros,
Pára confusa, a palpitar, diante
Da luz mais bela dos seus grandes olhos.