segunda-feira, 30 de abril de 2012

Romeu e Julieta (conto) (minificções) Sérgio Sant'Anna Ele a esperou na porta do colégio. Com quinze anos, era a primeira vez que se aproximava de uma garota. O rosto queimado, ele conseguiu perguntar se podia acompanhá-la. Ela disse que sim. Sentindo-se ridículo e nervoso, ele perguntou se ela estava com pressa. Ela falou que não. Então ele perguntou se ela queria ir ao cinema. Ela disse que sim. Não conseguindo concentrar-se no filme, ele olhava disfarçadamente para ela. Seus olhos se encontraram e ela sorria, dando-lhe a mão. E ele perguntou, de repente, se podia beijá-la. Ela disse que sim. Então seu coração bateu mais forte, porque ele tinha certeza de que, finalmente, as coisas começariam a acontecer. Romeu e Julieta( Poema) Pelo amor que devia a Julieta, Pra não chorar bebeu Romeu o veneno, Pois perdeu do viver o gosto ameno E o seu peito ficou no mundo asceta. Não sabia que a sua borboleta Inda aspirava do mundo o odor pleno E que se via no sonho sereno A voar com ele numa violeta. Ao acordar viu Romeu a morrer, Julieta ficou desanimada, Assistindo ao final do seu consorte. Na veia tinha dores a correr, Não suportando ser abandonada, Apunhalando-se ganhou a morte. Marinho Pina Romeu e Julieta (Música: Los Hermanos) Composição: Marcelo Camelo Assim que o amor entrou no meio, o meio virou amor O fogo se derreteu, o gelo se incendiou E a brisa que era um tufão Depois que o mar derramou, depois que a casa caiu O vento da paz soprou Clareou, refletiu, se cansou do ódio e viu que o sonho é real E qualquer vitória é carnaval, carnaval, carnaval Muito além da razão, bate forte emoção, ilusão que o céu criou Onde apenas o meu coração amará, amará O amor não se tem na hora que se quer, ele vem no olhar Sabe ser o melhor na vida e pede bis quando faz alguém feliz Vem aqui, vem viver, não precisa escolher os jardins do nosso lar Preparando a festa pra sonhar, pra sonhar, pra sonhar Faça chuva, vem o sol, em comum o futebol deu você e o nosso amor Convidando as mágoas pra cantar, pra cantar, pra cantar O amor não se tem na hora que se quer, ele vem no olhar Sabe ser o melhor na vida e pede bis quando faz alguém feliz

A Trágica História de Romeu e Julieta (Parte II)

ROMEU E JULIETA parte 1

Romeu e Julieta-Marcelo Camelo-Miucha-Erasmo Carlos

Romeu e Julieta - Los Hermanos

William Shakespeare Biografia

Literatura - Romantismo

LIBERDADE

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro pra ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.

O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha quer não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca.

Fernando Pessoa - 16/3/1935

Periodização

A PERIODIZAÇÃO LITERÁRIA
- A literatura situa-se forçosamente no devir temporal e no transcurso histórico. As obras literárias, porém, não se inserem no discurso temporal de modo fortuito, nem como uma gigantesca coleção de indivíduos absolutamente alheios uns aos outros.
- É lógico que os historiadores e os estudiosos do fenômeno literário, movidos por autênticas exigências críticas, ou, algumas vezes, por razões meramente didáticas, tenham procurado estabelecer determinadas divisões e batizadas no domínio vastíssimo da literatura.
- Tem de reconhecer-se, todavia, que as tentativas levadas a efeito no campo da periodização literária apresentam, muitas vezes, acentuada heterogeneidade e carência de fundamentação.
- O século é uma unidade estritamente cronológica, cujo início e cujo término não determinam forçosamente a eclosão ou a morte de movimentos artísticos, de estruturas literárias, de idéias estéticas, etc.
- Tão inconsistente como a divisão em séculos da história literária, revela-se a fixação dos períodos literários segundo acontecimentos políticos ou sociais: “literatura do reinado de Luís XIV”, “literatura elisabetana” ou “vitoriana”, etc. Este enfeudamento da história literária à história geral, política ou social – enfeudamento que já durou muitos anos e que ainda persiste –, radical numa concepção viciada do fenômeno literário: este é entendido como uma espécie de epifenômeno dos fatores políticos e sociais, e portanto como um elemento carecente de autonomia e desenvolvimento próprio.
- A atitude nominalista é uma atitude cética que reduz a história literária a um acervo assignificativo, desconhecendo um aspecto essencial da atividade literária: a existência de estruturas genéricas que, sob múltiplos pontos de vista, possibilitam a obra individualizada.
- Paul Valéry, exprimindo este ceticismo, escreveu (Mauvaises pensées) que é impossível pensar seriamente com vocábulos como “classicismo”, “romantismo”, “humanismo” e “realismo”, pois que ninguém mata a sede ou se embriaga com os rótulos das garrafas.
- O ceticismo de uma concepção nominalista dos períodos literários é compreensível, dada a licenciosa utilização que tem sido feita de palavras como “classicismo”, “romantismo”, “realismo”, etc. Quando muitos críticos falam do movimento romântico introduzido por S. Paulo no pensamento grego, ou na textura e na essência românticas da Odisséia, ou quando afirmam que o romantismo “nasceu no jardim do Éden” e que “a serpente foi o primeiro romântico”, é compreensível que um estudioso como o Prof. Arthur Lovejoy escreva que “a palavra romântico chegou a significar tantas coisas que, por si própria, não significa nada. Deixou de realizar a função de um signo verbal”.
- É necessário escolher critérios literários para fundamentar e definir os períodos literários, evitando a intromissão perturbadora de esquemas e classificações originários da política, da sociologia, da religião, etc. O ponto de partida terá de ser a própria realidade histórica da literatura, as doutrinas, as experiências e as obras literárias, para não se tombar, precisamente, no nominalismo ou no metafisicismo.
- Parece-nos que o Prof. René Wellek encontrou o caminho justo, ao definir o período literário como “uma seção de tempo dominada por um sistema de normas, convenções e padrões literários, cuja introdução, difusão, diversificação, integração e desaparecimento podem ser seguidos por nós”. Esta definição apresenta o período literário como uma “categoria histórica” ou como uma “idéia reguladora”, excluindo quer a tendência nominalista, quer a tendência metafísica, pois os caracteres distintivos de cada período estão enraizados na própria realidade literária e são indissociáveis de um determinado processo histórico.
- Assim fundamentada, a periodização literária não se confunde com qualquer espécie de tipologia literária, de teor psicológico ou filosófico, visto que os esquemas tipológicos desconhecem a historicidade dos valores literários.
- Na definição proposta por René Wellek, o período é definido por um “sistema de normas, convenções e padrões literários”, isto é, por uma convergência organizada de elementos, e não por um único elemento. O romantismo, por exemplo, é constituído por uma constelação de traços – hipertrofia do eu, conceito de imaginação criadora, irracionalismo, pessimismo, anseio de evasão, etc, - e não por um único traço.
- Cada um dos elementos formativos da estética romântica pode ter existido anteriormente, isolado ou integrado noutro sistema de valores estéticos, sem que tal fato implique a existência de romantismo nos séculos XVI ou XVII, por exemplo.
- Falar de romantismo a propósito de Eurípedes, Shakespeare, etc., representa um asserto desprovido de sentido histórico e de rigor crítico, mesmo quando se acrescenta ao vocábulo “romantismo” uma expressão como avant la lettre ou outra semelhante.
- A definição de Wellek claramente demonstra que o conceito de período literário não se identifica com uma mera divisão cronológica, pois cada período se define pelo predomínio, e não pela vigência absoluta e exclusivista, de determinados valores.
- Um período não se caracteriza por uma perfeita homogeneidade estilística, mas pela prevalência de um determinado estilo.
- O historiador italiano Eugenio Battisti diz que “a possibilidade de reduzir tudo a poucos e simples conceitos é um mito metodológico, somente fruto da ignorância ou da preguiça”.
- Na França, por exemplo, durante o século XVII, coexistem um estilo barroco e um estilo clássico, com caracteres diferentes e até opostos, mas apresentando freqüentes interferências mútuas.
- O conceito de período literário, tal como o entendemos, implica ainda outra consequência muito importante: os períodos não se sucedem de modo rígido e linear, como se fossem entidades discretas, blocos monolíticos justapostos, mas sucedem-se através de zonas difusas de imbricação e de interpenetração.
- O processo de formação e desenvolvimento de um período literário é vagaroso e complexo, subsistindo em cada período novo, em grau variável, elementos do período anterior. No romantismo persistem elementos neoclássicos, como persistem no realismo elementos românticos.
- A utilização de datas precisas para assinalar o fim de um período e o início de outro, como se tratasse de marcos a separar dois terrenos contíguos, não possui valor crítico, apenas lhe podendo ser atribuída uma simples função de balizagem, como que a indicar um momento particularmente representativo na aparição de um período.
- O estudo da periodização literária exige uma perspectiva comparativa, pois os grandes períodos literários, como a Renascença, o maneirismo, o barroco, o classicismo, o romantismo, etc., não são exclusivos de uma determinada literatura nacional, abrangendo antes as diferentes literaturas européias e americanas, embora não se manifestem em cada uma delas na mesma data e do mesmo modo.
DISTINGUINDO TEXTO LITERÁRIO DE TEXTO NÃO-LITERÁRIO
TEXTO LITERÁRIO
TEXTO NÃO-LITERÁRIO
Há maior ênfase na expressão do que no conteúdo
Há maior ênfase no conteúdo do que na expressão
Há predomínio da linguagem conotativa
Há predomínio da linguagem denotativa
A linguagem é mais pessoal, carregada de emoções e impressões de seu emissor
A linguagem é mais impessoal, objetiva, visando preferencialmente à informação
A realidade pode ser traduzida, relativizada ou recriada
Normalmente, a realidade é apenas traduzida
A ambiguidade é utilizada como um recurso criativo, uma vez que o texto literário e plurissignificativo
Como há predomínio da objetividade, geralmente não há margens para duplas interpretações